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Liberdade, justiça e fraternidade: o socialmente sustentável

Por Gustavo Velasquez da Veiga (*)

Um viés fundamental da sustentabilidade é o social. O sincronismo da dinâmica econômico cultural de uma organização possui efeito direto e determinante na sua direção de equilíbrio ou degradação do organismo social. O equilíbrio social passa por uma escalada evolutiva na qual as bases servem de pré-requisito aos demais degraus.

O patamar primário se refere a que todos os indivíduos existam sob plena condição de dignidade, atingida pela contemplação das necessidades, logo, da condição de motivação estática. A partir desse ponto, passa-se a desmontar a perversidade do sistema educacional e conceder uma distribuição uniforme das oportunidades instrutivas do crescimento e desenvolvimento individual, logo, coletivo, desse modo, potencializando o despertar do desejo de se gerar valor, constituindo uma camada integral de renovação competitiva com pleno discernimento ético para desbanalizar a ganância irresponsável. Do mesmo modo, subsequentemente, elaborar um ambiente de concessão dos meios e distribuição dos recursos produtivos de maneira a estimular o livre mercado; neste estágio, indivíduos sob motivação estática passam em grande medida ao estado de motivação cinética, ou seja, com pujança e vias para efetivar o desejo de gerar valor. Eis então o status genuíno de justiça social; de agora em diante, se vale a preciosa meritocracia genuína, a prosperidade sem antagonismos.

Podemos inferir em primeira análise que a meritocracia origina os mono e oligopólios, uma vez que organizações que lucram mais são tubarões que se retroalimentam aumentando cada vez mais o tamanho da sua boca para predar os demais. Todavia, em uma estrutura socialmente forte, há uma reciclagem incessante de indivíduos ávidos e aptos por gerar vantagem competitiva, de maneira que os tubarões dormem com um olho aberto e outro fechado para não serem gradualmente definhados por ágeis peixes predadores; vede o livre mercado de uma sociedade ajustada, o círculo mágico da evolução. Desafortunadamente, inúmeras sociedades socialmente degradadas necessitam legitimamente lançar mão do processo de assistencialismo para estancar o sofrimento humano primário; podemos nos questionar se por este caminho não haveria um estanque progressista, porém, isso somente ocorre em se mantendo o status quo da degradação social. À medida que se edifica a base da justiça social, vítimas estruturais legítimas se reduzem, e tais indivíduos, através do processo de ética educacional baseada no universalismo, passam a ser amparados pela cultura de inserção, que torna a marginalidade quase uma questão de arbitrariedade individual, não um condicionamento estrutural. Eis a linha de chegada da sustentabilidade, uma sociedade justa, livre, meritocrática e fraterna.

(*) Gustavo Velasquez da Veiga - Engenheiro Agrônomo formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, possui MBA em Gestão Comercial pela FGV e MBA em Gestão de Negócios pela ESALQ/USP. Desenvolveu sua carreira no setor de horticultura com relevante êxito nos elos de Distribuição, Representação Comercial, e atua na área de Marketing Estratégico. Gerente de Produtos e Coordenador Global de Produtos em uma multinacional japonesa do mercado de sementes de hortaliças. Há muito, um pensador e estudioso fascinado pela área comercial e as interações humanas que compõem as organizações e sua interação com o universo.

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