*Onofre Ribeiro
Em meio ao mais profundo descrédito, os políticos estão se articulando do jeito que podem pra não perderem o poder. Ou pra montarem plataformas que preservem a velha e antiga forma de fazer a política no Estado. Nesse sentido, o que se vê são os velhos caciques e os seus envelhecidos partidos buscando se articularem na busca do poder.
È preciso entender a raiz disso. Pra obter a reeleição em 1998 para um segundo mandato, o presidente Fernando Henrique Cardoso vendeu a alma e a mãe. A lei que possibilitou a reeleição criou as coligações gerais em todos os níveis. Com isso, os partidos morreram como fonte ideológica de vertentes da sociedade, e viraram balcão de negócios nas coligações. Dinheiro pra lá, dinheiro pra cá, na troca de tempos no horário eleitoral gratuito e a divisão do poder depois de eleitos. Nessa divisão, valia o slogan cínico “ajudei a eleger quero ajudar a governar”. Traduzido, isso significa a repartição da gestão entre os interesses de quem governa e os interesses menores e mais cínicos dos partidos coligados. Nada mais podre do que isto!
A pandemia deixou as pessoas em casa com tempo livre pra entenderem a podridão da política no seu sentido mais abrangente. Portanto, a pandemia mexeu na cabeça dos cidadãos. Eles querem algo novo e mais sustentável na ética, na moral, nos objetivos finais e no respeito a quem trabalha cinco meses por ano pra pagar os impostos que mantém o sistema político nacional funcionando.
Mas os políticos não mudaram, não entenderam o recado da sociedade e nem parecem dispostos a mudarem os seus métodos de montar as máquinas de poder. A conexão entre a gestão, a política a o Estado com a sociedade mudou. As pessoas querem uma razão pra votar e não votar em quem está cuidando de candidaturas pessoais ou do próprio interesse. Os coronéis demoram muito pra entender esse novo normal, porque preferem seguir a cartilha dos velhos métodos. Não cabem mais candidatos avulsos ou os free-lancers de ontem.
Tenho acompanhado os velhos coronéis antigos e velhos coronéis da nova geração com esse discurso em velhas frases: “o povo está comigo”. Não se pode generalizar o discurso de que toda sociedade entendeu o novo normal. Mas, igualmente, a sociedade mais preparada pra pensar, não quer mais candidatos de si mesmo ou escolhidos por partidos que já estão no caixão esperando a hora do enterro.
Não vi nada sustentável até agora quando se fala em eleições de 2022. Por sustentável, entenda-se alguém que fale com a nova sociedade eu viu formar o novo normal depois da pandemia. Engana-se pensar que a pandemia foi só um evento sanitário. Foi um evento de transformação social mundial! Leia-o, quem souber ler!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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