*Jennifer Araujo
Cabe salientar que a obesidade é caracterizada como doença. Uma doença crônica inflamatória, causada pelo aumento da massa gorda, que isoladamente que reflete em desequilíbrio interno aumentando risco para a formação de trombos, atua como precursora de doenças como a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), alguns tipos de câncer, etc.
Além dessas comorbidades, pessoas obesas possuem diminuição da capacidade funcional e da complacência do sistema respiratório que, somado a um quadro de infecção pulmonar, acentua a ausência de oxigênio nos tecidos para manter suas funções corporais. Considerando estes fatores, cresce o número de estudos que relacionam a obesidade a mortalidade por COVID-19. Dados internacionais inquietantes mostram a alta frequência da obesidade entre os pacientes graves internados em terapia intensiva pela COVID-19 . Por exemplo, no Reino Unido, essa frequência foi de até 72% dos pacientes. Já no Brasil, a obesidade é a principal comorbidade associada aos óbitos em pessoas com menos de 60 anos.
Um ponto que tem gerado discussões são as medidas utilizadas com o intuito de prevenção da doença, onde dentro do conjunto de ações que preconizam o isolamento social, há recomendações para o fechamento de diversos espaços destinados à prática da atividade física, somado à orientação para que as pessoas permaneçam em casa.
A discussão gira em torno sobre encontrar um meio termo, pois é do conhecimento da maioria que ao dificultar o acesso a práticas de atividade física, favorece o sedentarismo e consequentemente o aumento da obesidade. Assim, estamos diante de um quadro onde a pandemia de COVID-19 pode contribuir de forma significativa na maximização da pandemia da inatividade física e da obesidade.
Outro ponto importante, são estudos que afirmam que a inatividade física, também é considerada uma pandemia, e um grave problema de saúde pública, responsável por mais de 3 milhões de mortes por ano, ao redor do mundo. Desta forma, parece que estamos diante de múltiplas pandemias que podem ter importantes interfaces e prognósticos: inatividade física, obesidade e COVID-19.
Por fim, pessoas com excesso de peso corporal desenvolvem maior carga viral e demandam maior tempo para resolução de processos infecciosos, devido à redução da resposta imunológica. Ou seja, os estudos têm apontado que as alterações próprias da obesidade fazem com que esses indivíduos, além de possuírem risco aumentado para infecção e suas complicações, também são capazes de transmitir mais o vírus, pois o tempo de cura é maior graças aos fatores citados anteriormente.
Atenção! A obesidade é um fator de risco, porém é modificável, e a redução na sua incidência contribuirá para redução dos casos graves de COVID-19 e de tantas outras doenças infecciosas e crônicas já existentes ou que venham a surgir. Por isso, lembre-se: obesidade é uma doença crônica grave e deve ser tratada.
Busque ajuda profissional, e faça as intervenções necessárias para diminuir os riscos de desenvolvimento e agravos do quadro clínico. Medidas como: Perda de peso, dieta adequada, medicação e prática de exercícios físicos são protocolos que se fazem importantes na promoção da saúde.
Cuide de você e daqueles que você ama.
Jennifer Araujo é Nutricionista - CRN: 16100/6
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