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Acordos e desacordos

*Onofre Ribeiro


O Brasil está terrivelmente polarizado. Falta um meio termo. O mundo está evoluindo pra fórmulas de Estado e de governos mais abertas e não presas de um estilo dividido e predatório como temos hoje no Brasil. Não se trata de nomes para o governo do país. Trata-se de um modelo de ideias e de propósitos dentro dos quais homens da política se enquadrem. O estilo de dividir pra governar já não responde mais como no passado.

Vamos aos fatos de hoje. No dia 7 de setembro muitos milhares de pessoas foram às ruas se manifestar em favor do Brasil. Pelo visto, a maior parte dos que defenderam o presidente Bolsonaro defendiam antes o Brasil. Seu apoio dirigia-se à governabilidade mais do que ao homem. A camisa amarela conectava-se à bandeira nacional. Ela é um símbolo criado em 1889, com o início da República. O inconsciente coletivo brasileiro associa o verde amarelo com a noção de pátria. Por isso é importante relatar que nem todos os que foram às ruas no dia 7 foram pela pessoa do presidente da República. Foram pela ideia de Pátria, que neste momento o presidente preside.

Dito isto, é preciso que se diga que a presença relevante de pessoas vestidas de verde e amarelo nas ruas do país inteiro, produziu uma onda de energia de civismo que há muito não se via. A polarização sentiu perda de força com a identidade brasileira desfilando junto com as pessoas, armadas com a ideia cívica de que a Pátria é maior do que ideologias políticas de quaisquer naturezas.

Instituições arrogantes e descasadas com a sociedade, como o Supremo Tribunal Federal, o Congresso Nacional perdido no seu universo de interesses mesquinhos, sentiram a força das ruas. Em nenhuma outra circunstância o STF descer do seu pedestal admitiria negociar e ceder. Os bastidores do pós 7 de setembro não foram narradas ao público. Mas o que vazou mostrou sucessivas reuniões e acordos entre todos os participantes dos interesses discutidos nas ruas. Todos cederam. O presidente Jair Bolsonaro cedeu em carta pública dirigida à nação onde ajoelhou-se diante do interesse nacional. O STF fez um monte de concessões e o Congresso Nacional fez um monte de compromissos de cumprir a sua missão há muito abandonada em favor de interesses mesquinhos corporativos ou individualistas.

Os partidos políticos destacados como MDB, DEM, PSDB, PSD, o Centrão e outros mais à direita entenderam que os seus parlamentares no Congresso precisam assumir o seu papel parlamentar. Envergonhados com as completa omissão dos últimos anos. Um belo puxão de orelhas em verde e amarelo.

O Brasil vai se medir por outros valores de agora por diante. Os acordos e os desacordos construídos no dia 7 de setembro à noite e no dia 8 o dia inteiro e à noite, do ponto de vista pública apareceram na carta do presidente. Mas os bastidores mudaram os rumos do país. O SFT abriu mão de governar. O Senado e a Câmara dos Deputados se dispuseram a legislar com decência e compromissos nacionais. Isso teve o mesmo valor que uma revolução.

O país pós 7 de setembro mudou os rumos. Ainda que pareça que as ideologias e a polarização ainda permaneçam, é só uma questão de breve tempo pra se perceber que o país mudou. Li em artigo muito qualificado esta semana, que uma nova energia paira sobre o Brasil desde então. Os brasileiros começaram a perceber que são maiores do que o corporativismo eleito e o nomeado neste país. Qualquer coisa, volta às ruas. Aprendeu-se a lição da cidadania. É uma construção poderosa, lenta e constante!


Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

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